Uma definição da inveja
1. A inveja tem um elemento de desejo em si. Alguém experimentou uma vantagem ou um benefício em sua vida, e você quer que o mesmo aconteça com você. Isso não lhe faz necessariamente invejoso, mesmo porque é bom que você tenha esse tipo de desejo e se incline a imitar pessoas santas.
2. O outro elemento – e aquele que torna má a inveja – é que esse desejo tem uma ponta de ressentimento porque as coisas estejam indo bem com outros e não com você - e isto é o é a inveja.
Resumindo, a inveja é uma mistura do desejo por alguma coisa com o ressentimento por alguém está desfrutando da mesma, e você não. As coisas não estão correndo tão bem para você e isto, às vezes, o “rói por dentro”. “Porque é que as coisas vão indo tão bem para aquela pessoa e o mesmo não acontece comigo?”
As oportunidades para invejar abundam
A próxima coisa que eu fiz nessa tarde, foi tentar ver os detalhes. Tentei encontrar alguns exemplos de inveja em minha própria vida. De minha imaginação, e das vidas de outros.
Como poderíamos dar algumas ilustrações da inveja? Veja se você pode se encontrar nesses cenários.
Pensei no Sr. Dukakis e no Sr. Bush e achei que essa poderia ser uma oportunidade para inveja. Se um homem chega a devotar um ano de sua vida, muito dinheiro e muitos esforços para vir a ser o próximo presidente, mas termina perdendo a carreira – mesmo quando ele pensa ser o melhor candidato, ter melhores políticas e ter um melhor companheiro de campanha – eu acredito que ele facilmente passaria a noite acordado e fervilhando por dentro pelo fato de não se haver saído melhor do que esperava. Ele poderia sentir-se como se houvera devotado tanto tempo e tanta energia e sem chegar a nenhum lugar.
Ou, suponha que seu amigo se case e você não. Você, que talvez tenha conhecido a esse amigo por tanto tempo, e agora ele está se casando e você não está. Você poderia começar a sentir-se um tanto ressentido por isso estar acontecendo com ele sem que ainda tenha acontecido com você.
Ou, digamos, você tem um filho que é cronicamente doente, enquanto outras famílias a seu redor parecem sempre gozar saúde. Você poderia pensar, “Meu filho está continuamente doente. Meu filho adoece, praticamente, toda semana e apresenta esses horríveis problemas, mas essas outras famílias, que não são em nada melhores que a minha, estão sempre saudáveis.”
Ou, suponha ainda, que você está sempre no segundo time de sua escola. Tudo o que você faz é “esquentar o banco” enquanto o outro sujeito no primeiro time, ainda que seja um chato, é sempre convocado para jogar.
Ou, suponha, que você tem um amigo que joga na loteria. E esse amigo é um verdadeiro canalha, mas termina por ganhar um milhão. Você poderá pensar que merece aquele dinheiro muito mais que seu amigo.
Ou você é um pastor e vê outras igrejas crescendo, enquanto a sua flutua entre um mínimo crescimento e nenhum crescimento. Você poderá achar que isto não deveria ser assim.
Ou poderá acontecer que você ache que outros são mais bonitos, ou têm melhor aparência, ou se vestem mais na moda do que você. Deus foi quem lhe deu sua aparência, mas quão facilmente se poderá viver observando outros, que são muito mais elegantes, e sentir-se invejoso.
Uma proibição e uma advertência contra a inveja
São tantas as oportunidades para a inveja … É uma ameaça universal para nossa alegria e para nossa preocupação por outras pessoas. Portanto, o que eu quero fazer, é observar um texto onde a inveja é proibida nas Escrituras, ver algumas das consequências quando alguém se deixa dominar pela inveja e, então, falar sobre como combater esse mal. Considerando o tempo que temos, assumo que vou falar apenas sobre os dois primeiros tópicos.
Eu assumo que você concordará comigo sobre o fato de que a Bíblia diz, “Não seja invejoso.” Podemos começar por aqui? Eu tenho quatro textos: Salmo 37:1, Provérbios 23:17, Gálatas 5:26 e 1ª Pedro 2:1. Todos eles dizem, “Não seja invejoso.” Portanto, não é bíblico ser invejoso e é contrário à vontade de Deus que você se dê à inveja.
E depois poderíamos falar sobre as advertências. Olhemos uma dessas passagens. Gálatas 5: 19 - 23 é uma passagem sobre as obras da carne e o fruto do Espírito, e uma das obras da carne, é a inveja.
Gálatas 5:19 – 21 – “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes” – que diga-se de passagem, eu creio que é uma subespécie da inveja.
Eu pensava comigo mesmo: “Será que eu deveria pregar um sermão sobre ciúmes?” Pensava sobre isto no mês de agosto passado. E, enquanto meditava sobre esse assunto, cheguei à conclusão de que o ciúme é uma espécie de inveja. O que eu quero dizer com isto é que o ciúme é uma espécie de inveja dirigida contra outra pessoa que esteja recebendo um afeto que você desejaria que fosse seu. Você está invejoso da outra pessoa que está recebendo o afeto de alguém e crê que este afeto deveria ser dirigido a você.
Agora, isso poderá até ser algo muito saudável. Deus tem ciúmes do amor que deveria ser dirigido somente a Ele. E um marido - ou uma esposa - deveria ter justo ciúme de um mau relacionamento que ele perceba se desenvolver entre seu conjugue e outro terceiro elemento. Mas existe, de igual maneira, um ciúme que é prejudicial. A razão porque eu não estou focando nisto agora é que eu creio que tudo o que eu diga sobre a inveja se aplica também ao ciúme por ser, este, uma subcategoria da inveja.
“Iras, discórdias, dissensões, facções, inveja” – ai está, no começo do verso 21 – “bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”
Assim, pois, aqui fica a advertência. É um assunto muito sério. Tudo o que estou pregando nestes sermões de outono, é assunto sério. Em outras palavras, se você permitir que este estado de incredulidade – de inveja - reine em sua vida, isto lhe poderá levar a naufragar na fé e, no final, comprometer-se seriamente.
Lute contra a inveja como o Rei Davi o fez
Tudo bem. Temos visto o que é. Temos visto que a Bíblia condena. E temos visto que existem consequências negativas quando você dá rédeas soltas, indefinidamente, à inveja. Agora, vejamos como podemos lutar contra ela. Este é o centro da questão, e o Salmo 37 é o lugar por onde iniciaremos a considerar a resposta.
Este é um grande salmo para compreender como combater a inveja, porque ele começa com o ponto principal: “Não tenhas inveja.” Nos primeiros onze versos, contamos com seis sólidas razões para não sermos invejosos. O que estou tratando de fazer esta noite é dar-lhe um exemplo de como pelejar a batalha da fé em suas devoções.
Quando você desperta pela manhã e nota em seu coração um sentimento de inveja contra alguém no trabalho, ou contra um membro de sua família, ou contra qualquer outra pessoa e você diz, “Isto não deveria estar aí. O que eu posso fazer com isso?”, isto é o que você deve fazer: tome a sua Bíblia, ajoelhe-se em oração e comece a ler e a buscar as promessas bíblicas que possam fazer “explodir” a inveja. Mas, para isto você terá que, primeiramente, definir em sua mente o fato de que a inveja é uma forma de incredulidade.
Assim, pois, vejamos o Salmo 37:
“Não te indignes por causa dos malfeitores,
nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.”
Ai está. Uma afirmação básica: não inveje os malfeitores nem tampouco fique todo irritado por causa deles.
“Pois dentro em breve definharão como a relva
e murcharão como a erva verde.”
Então eu penso que, em vez disso, o verso três nos diz o que devemos fazer. A saber, devemos fazer o oposto de invejar:
“Confia no Senhor e faz o bem.”
A próxima frase poderia ser um mandamento, assim como também, poderia ser uma promessa. Creio que seja ambos. Diz,
“habita na terra e alimenta-te da verdade.”
Poderia dizer “desfrute de segurança” mas, literalmente, é “alimenta-te da verdade.” De ambas as maneiras, expressa a fidelidade de Deus. Assim que a ideia de segurança é correta e boa. (1)
“Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.”
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais, ele fará.”
Notem-se aqui as coisas positivas que você - no lugar da inveja - está suposto a colocar em suas emoções: “Confia” (verso 3), “Agrada-te” (verso 4), “Entrega o teu caminho” (verso 5), e, outra vez, “confia”, no meio do verso 5. Portanto, a razão por que eu escolhi o Salmo 37 esta noite, é que ele nos ensina que a inveja é incredulidade, ou que tem a sua raiz na incredulidade. E o oposto da inveja é a fé, ou a confiança, ou agradar-se em Deus ou trazer suas cargas ao Senhor.
Dessa maneira, eu espero que, quando nós começamos a invejar – quando começamos a olhar para outra pessoa e principiamos a ressentir o fato de que ela tem algo que nós não temos – e, por este motivo, começamos a perder nossa paz e nosso contentamento em Deus, a solução é a fé. Está bem? Entendido? Este é, até o momento, o nosso ponto de vista.
Seis razões, dadas no Salmo 37, porque crer é melhor
Agora, a outra razão porque esse salmo é tão grandioso, é que ele nos dá tantas razões diferentes por que não deveríamos ser incrédulos. Ensina-nos por que deveríamos estar totalmente descansados e confiados em que Deus é por nós. Diz-nos que Ele está operando de tal maneira que, ainda que nos pareça que as coisas estão indo melhor para outros, elas vão, no final, estar ótimas para nós. Vamos, pois, observá-las. Eu escolhi seis razões, que encontro neste capítulo, para que evitemos cair nas garras da incredulidade da inveja.
1 – Verso 2: “Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.” Se você começa a ter inveja sobre do malfeitor, como o infame que acabou de ganhar um milhão, Deus lhe diz: “Espere um minuto … Você não vai querer estar nos sapatos dele. Ele vai definhar como a relva, “aqueles, porém, que fazem a vontade de Deus, permanecerão para sempre” (1 João 2:17). Este é o primeiro argumento.
O mesmo se repete no verso 9: “Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.” E no verso 10: “Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio.” Assim que, a primeira razão por que você não deve deixar que a inveja o vença quando você a começa a sentir contra um descrente, ou contra alguma pessoa injusta, é este pensamento: “Espere um pouco; Deus já tem dito que aquela pessoa vai desvanecer como uma flor – muito rapidamente. Vai desaparecer e, daí, que será de sua prosperidade?”
2 – Verso 3: “habita na terra (em segurança) e alimenta-te da verdade (ou da fidelidade).” Em outras palavras, essa é a recompensa que advém por confiar no Senhor. Confia no Senhor e faz o bem e você “pastará” na terra verdejante. Seus desejos serão satisfeitos. Essa razão nos leva à próxima.
3 – Verso 4: “Agrada-te do SENHOR”, isto é, confia no Senhor, “e ele satisfará os desejos do teu coração.” E esta é uma surpreendente promessa, porque a inveja, normalmente, nasce por não se possuir os desejos do próprio coração. Você vê alguém que possui aquilo que você deseja, e sente que isto que você deseja está faltando em sua vida. Então a melhor maneira de combater esse sentimento é ir a essa promessa e dizer, “Agora Senhor, Tu tens feito uma aliança comigo no verso quatro. Dissestes que se eu puser o meu deleite em Ti, Tu me darás os desejos do meu coração. Portanto, vou deleitar-me em Ti.”
E este á um passo chave: confiar em Deus suficientemente, de modo que você venha a descansar em quem Ele é. E você sem dúvida poderá vir a experimentar um profundo efeito na qualidade dos desejos que poderão trazer seu próprio contentamento. E todos os desejos que você tenha serão, eventualmente, satisfeitos. Esta é a essência da impressionante promessa em Romanos 8:32 (“Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”), ou em 1 Coríntios 3:21 – 23 (“Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo, de Deus”). A Bíblia faz promessas assombrosas àqueles cujo deleite é em Deus e não em “coisas”.
4 – Versos 5 e 6: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais Ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.” Lembro-me dos dias em que, muitos anos atrás, Steve e Susan Roy estavam morando do outro lado da rua onde residíamos. Steve havia renunciado sua posição na InterVarsity e estava sem nenhuma posição de trabalho. Não sabíamos ainda se ele seria aceito para trabalhar em Bethlehem (2)e, provisoriamente, ele pintava casas nos fins de semanas. Para ele, um verdadeiro teólogo, pintar casas não era exatamente o que queria fazer.
Um dia, de nossa calçada, conversávamos com eles do outro lado da rua. Disse-me Steve: “Na verdade, estamos precisando de algum encorajamento.” Recordo-me de, em pé, lá na calçada, dizer-lhe, “Aqui vai uma promessa para hoje: Isaías 64:4 - “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam.” Diversas vezes, em anos seguintes, eles me disseram que ainda podiam lembrar-se do encontro daquela tarde. “Deus trabalha para aqueles que esperam nele.” E esta palavra “trabalha”, em hebreu, está lá no verso 5 do Salmo 37: “Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” – em outras palavras, “Ele trabalhará por você. Ele lhe vindicará.” E vindicar é algo precioso, visto que uma das coisas presentes por detrás da inveja é, frequentemente, o sentimento de que as coisas não estão indo tão bem como achamos que deveriam ir. Estamos recebendo uma má recompensa, enquanto para outros que nem sequer merecem, as coisas vão indo muito melhor. O que queremos é vindicação. E isto é exatamente o que está sendo prometido aqui: a vindicação virá.
5 – Versos 9 e 11: “Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra” e “… os mansos herdarão a terra.” Agora talvez você replique: “Espere um momento; mas eu não sou judeu e não espero herdar a Palestina.” Cuidado! Todas as promessas do Velho Testamento feitas aos judeus, serão cumpridas para você e serão cumpridas da mesma maneira que serão cumpridas para os judeus, senão ainda melhor.
Onde, no Novo Testamento, existe uma promessa praticamente melhor que as mesmas palavras do verso 11? Nas Beatitudes. Lemos, “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” Muito bem. Então eu não ganho a Palestina, mas somente a terra. De fato, em Romanos 4:13, são os que são crentes como Abraão que são chamados herdeiros do mundo. 1 Coríntios, capítulo 6, diz que você julgará os anjos. Aos discípulos, ele disse que eles se sentariam em tronos para julgar as doze tribos de Israel. Nós, os que não somos dos 12 discípulos, ou apóstolos, julgaremos os anjos. A Bíblia está repleta das mais estupendas promessas, capazes de remover os mais fortes ressentimentos que se acendam sob o efeito da inveja.
6 – Verso 11: “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de shalom.” Esta palavra está no inglês, traduzida como “prosperidade”, o que, provavelmente, traz um sentido que não é de muita ajuda em nossos dias. No hebreu, se refere ao total bem-estar, da paz que vem àqueles que confiam.
Assim, temos aqui um pequeno exemplo de como você poderá lutar a batalha da fé logo pela manhã, se a inveja começar a brotar em seu coração. Você toma um texto como este que lhe diz “não seja invejoso” e você responde: “Senhor, se hei de vencer esta inveja, então vou necessitar alguns argumentos poderosos de “por que” devo descansar em ti. Dar-me-ias alguns?” Então leia esse texto, passo a passo, verso por verso e, à medida que você encontra um, você pára e ora, “SENHOR, abre os meus olhos para contemplar a beleza desta promessa e permita-me, por teu Espírito, ter a capacidade de saboreá-la, descansar nela, crê-la, caminhar por ela, viver nela e praticá-la, hoje.” E você segue para o próximo verso e, outra vez, trabalha mentalmente até que possa perceber Deus o encontrando e levantando de sobre você essa coisa feia a que chamamos inveja.
Munição adicional contra a incredulidade
Vamos ver alguns outros textos que você poderia usar em sua guerra contra a inveja.
Provérbios 23:17 – “Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, no temor do SENHOR perseverarás todo dia.” E aqui vem essa grande promessa: “Porque deveras haverá bom futuro; não será frustrada a tua esperança.” Encontramos aqui uma pessoa que contempla um pecador e vê que ele está prosperando. Agora, essa mesma pessoa sente como se a sua esperança não fosse prosperar. Ela gostaria de viver para Jesus mas as coisas não parecem lhe ir tão bem como vão para o pecador. A Bíblia é tão ciente disto que o Salmo 37 foi escrito para tratar do assunto. Também, de igual maneira, o foi o Salmo 73.
Muitas vezes, as histórias ajudam mais que textos. Histórias bíblicas, principalmente, têm uma maneira peculiar de chamar a atenção, onde uma literatura proposicional não consegue. Conto-lhes uma história que, frequentemente uso para vencer minhas tentações com a inveja. É a história do menino com cinco pães e dois peixinhos, especialmente como registrada em João 6.
Em João 6, Jesus tem compaixão da multidão e diz a seus discípulos, “Dêem-lhes de comer.” Eles contestam e dizem: “Envia-os para suas casas. Necessitaríamos 200 denários de pão para alimentar todo este povo e já é tarde.” Jesus responde, “Bem, que temos?” E eles informam: “Um menino aqui tem 5 pães de cevada e 2 peixes. Mas o que é isto para tantos?” Agora veja a si mesmo parado ali, e imagine-se um menininho olhando para cima e dizendo, “Ora, isto é tudo o que eu tenho. Não me façam sentir culpado!” E isto mesmo é o que todos nós somos: somos menininhos com cinco pães de cevada e dois peixes em valor de dons, aparências, dinheiro – ou qualquer outra coisa que lhe dá a tendência de sentir-se inferiorizado. E você olha ao redor e vê aos demais: fortes, bonitos, ricos. Pessoas que têm tudo indo-lhe bem, e tudo o que você tem são cinco pães e dois peixes para um trabalho que necessitaria 200 denários de pão. E Jesus lhe diz: “Entregue-os para mim.” E ele os toma – você aprendeu esta lição na escola dominical, não é verdade? – e Jesus ora, e alimenta cinco mil homens, mais as mulheres e as crianças. Quando eu olho para isto, penso: “Bem, talvez exista alguma esperança para meus cinco pães e meus dois peixes.”
E quantos cestos sobraram? Doze. Porque? Um para cada apóstolo que não cria que aquilo seria suficiente. Exatamente por isso. Para mostrar que quando você entrega aquilo que, no princípio, não cria ser suficiente, você recebe de volta mais do que pensou, ou que jamais sonhou que pudesse ter. Essa é uma história que sempre dará um murro no queixo da inveja.
Se você começa a pensar que seus dons são muito pequenos e que você não está à altura da necessidade do momento, lembre-se: Jesus é aquele que estará à altura para aquela hora. Ele poderá tomar o que é de ínfimo valor e multiplicá-lo. Eu tenho uma pequena placa na porta de minha casa, que me foi dada por Virginia Maderis, em Maryland, há uns 15 anos. A placa diz assim: “O mundo ainda está para ver o que pode ser realizado por um homem inteiramente consagrado ao Senhor. Pelo poder de Deus, eu vou ser este homem.” – D. L. Moody.
“Amar, é parar de fazer comparações”
Uma última ilustração. Abra sua Bíblia comigo em João 21. Você conhece a história, mas eu duvido que você já tenha pensado nela em termos de inveja. Aconteceu comigo, até que eu li a ideia num livro, algum tempo atrás. Assim que isto não é meu original, mas eu gostei muito e quero compartilhar aqui. Essa era a situação: Pedro havia sido restaurado por Jesus em vista de sua negação e depois de haver afirmado três vezes que amava ao Senhor. No verso 18, encontramos: “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres.” Isto foi Jesus falando com Pedro. “Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus.” Em outras palavras, ele viria a ser um mártir. Depois disso ele lhe disse: “Segue-me.”
Pedro voltou-se e viu que também o seguia o discípulo que Jesus amava, isto é, João, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e lhe perguntara: “Senhor, quem é o traidor?” E quando Pedro o viu, ele perguntou a Jesus: “E quanto a este?” O que está, realmente, acontecendo aqui? Porque Pedro faz esta pergunta? “Disseste-me que eu vou ser morto. E João? Ele também será morto?” E podemos ver bem na “flor da pele”, a inveja no coração de Pedro: “Se não vai, então, isto não é justo.” E como Jesus trata este assunto?
“Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.” E que estaria dizendo o Senhor? Eu acredito que ele estava dizendo que é um perigo comparar circunstâncias. É, na verdade, muito perigoso comparar dons. Lembro que, na Universidade de Wheaton, no dormitório Martin Noel, meu Administrador Residencial naquele tempo tinha um pedacinho de papel do lado de fora de sua porta que dizia: “Amar, é parar de fazer comparações.” Exatamente! Jesus está dizendo, “Olha, não te envolvas tanto em comparar-te com este outro discípulo - com o que eu tenho ou tenha para ele. Aqui está o que eu tenho para ti: a mim mesmo. Não é isto o suficiente?”
E esta é a solução para a inveja. Da mesma maneira que á a solução para a cobiça, sobre a qual falamos nessa manhã. A solução é Jesus. “Siga-me. Se você me segue; se me tem a mim, porque se preocupa com o que lhe diz respeito a ele?” Assim, esta é a resposta: o que simplesmente necessitamos é mais de Jesus. Nós temos que reconhecer o grande privilégio que é só o de conhecer a Jesus. Ele disse em outro lugar, “Não vos alegreis de que os demônios se vos submetem. Alegrai-vos de que vossos nomes estão escritos no Céu.” Ser um discípulo de Jesus Cristo é um privilégio tão grande que o que virá a ser dos outros discípulos se torna de somenos importância. E assim a inveja voa e desaparece.
1. A inveja tem um elemento de desejo em si. Alguém experimentou uma vantagem ou um benefício em sua vida, e você quer que o mesmo aconteça com você. Isso não lhe faz necessariamente invejoso, mesmo porque é bom que você tenha esse tipo de desejo e se incline a imitar pessoas santas.
2. O outro elemento – e aquele que torna má a inveja – é que esse desejo tem uma ponta de ressentimento porque as coisas estejam indo bem com outros e não com você - e isto é o é a inveja.
Resumindo, a inveja é uma mistura do desejo por alguma coisa com o ressentimento por alguém está desfrutando da mesma, e você não. As coisas não estão correndo tão bem para você e isto, às vezes, o “rói por dentro”. “Porque é que as coisas vão indo tão bem para aquela pessoa e o mesmo não acontece comigo?”
As oportunidades para invejar abundam
A próxima coisa que eu fiz nessa tarde, foi tentar ver os detalhes. Tentei encontrar alguns exemplos de inveja em minha própria vida. De minha imaginação, e das vidas de outros.
Como poderíamos dar algumas ilustrações da inveja? Veja se você pode se encontrar nesses cenários.
Pensei no Sr. Dukakis e no Sr. Bush e achei que essa poderia ser uma oportunidade para inveja. Se um homem chega a devotar um ano de sua vida, muito dinheiro e muitos esforços para vir a ser o próximo presidente, mas termina perdendo a carreira – mesmo quando ele pensa ser o melhor candidato, ter melhores políticas e ter um melhor companheiro de campanha – eu acredito que ele facilmente passaria a noite acordado e fervilhando por dentro pelo fato de não se haver saído melhor do que esperava. Ele poderia sentir-se como se houvera devotado tanto tempo e tanta energia e sem chegar a nenhum lugar.
Ou, suponha que seu amigo se case e você não. Você, que talvez tenha conhecido a esse amigo por tanto tempo, e agora ele está se casando e você não está. Você poderia começar a sentir-se um tanto ressentido por isso estar acontecendo com ele sem que ainda tenha acontecido com você.
Ou, digamos, você tem um filho que é cronicamente doente, enquanto outras famílias a seu redor parecem sempre gozar saúde. Você poderia pensar, “Meu filho está continuamente doente. Meu filho adoece, praticamente, toda semana e apresenta esses horríveis problemas, mas essas outras famílias, que não são em nada melhores que a minha, estão sempre saudáveis.”
Ou, suponha ainda, que você está sempre no segundo time de sua escola. Tudo o que você faz é “esquentar o banco” enquanto o outro sujeito no primeiro time, ainda que seja um chato, é sempre convocado para jogar.
Ou, suponha, que você tem um amigo que joga na loteria. E esse amigo é um verdadeiro canalha, mas termina por ganhar um milhão. Você poderá pensar que merece aquele dinheiro muito mais que seu amigo.
Ou você é um pastor e vê outras igrejas crescendo, enquanto a sua flutua entre um mínimo crescimento e nenhum crescimento. Você poderá achar que isto não deveria ser assim.
Ou poderá acontecer que você ache que outros são mais bonitos, ou têm melhor aparência, ou se vestem mais na moda do que você. Deus foi quem lhe deu sua aparência, mas quão facilmente se poderá viver observando outros, que são muito mais elegantes, e sentir-se invejoso.
Uma proibição e uma advertência contra a inveja
São tantas as oportunidades para a inveja … É uma ameaça universal para nossa alegria e para nossa preocupação por outras pessoas. Portanto, o que eu quero fazer, é observar um texto onde a inveja é proibida nas Escrituras, ver algumas das consequências quando alguém se deixa dominar pela inveja e, então, falar sobre como combater esse mal. Considerando o tempo que temos, assumo que vou falar apenas sobre os dois primeiros tópicos.
Eu assumo que você concordará comigo sobre o fato de que a Bíblia diz, “Não seja invejoso.” Podemos começar por aqui? Eu tenho quatro textos: Salmo 37:1, Provérbios 23:17, Gálatas 5:26 e 1ª Pedro 2:1. Todos eles dizem, “Não seja invejoso.” Portanto, não é bíblico ser invejoso e é contrário à vontade de Deus que você se dê à inveja.
E depois poderíamos falar sobre as advertências. Olhemos uma dessas passagens. Gálatas 5: 19 - 23 é uma passagem sobre as obras da carne e o fruto do Espírito, e uma das obras da carne, é a inveja.
Gálatas 5:19 – 21 – “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes” – que diga-se de passagem, eu creio que é uma subespécie da inveja.
Eu pensava comigo mesmo: “Será que eu deveria pregar um sermão sobre ciúmes?” Pensava sobre isto no mês de agosto passado. E, enquanto meditava sobre esse assunto, cheguei à conclusão de que o ciúme é uma espécie de inveja. O que eu quero dizer com isto é que o ciúme é uma espécie de inveja dirigida contra outra pessoa que esteja recebendo um afeto que você desejaria que fosse seu. Você está invejoso da outra pessoa que está recebendo o afeto de alguém e crê que este afeto deveria ser dirigido a você.
Agora, isso poderá até ser algo muito saudável. Deus tem ciúmes do amor que deveria ser dirigido somente a Ele. E um marido - ou uma esposa - deveria ter justo ciúme de um mau relacionamento que ele perceba se desenvolver entre seu conjugue e outro terceiro elemento. Mas existe, de igual maneira, um ciúme que é prejudicial. A razão porque eu não estou focando nisto agora é que eu creio que tudo o que eu diga sobre a inveja se aplica também ao ciúme por ser, este, uma subcategoria da inveja.
“Iras, discórdias, dissensões, facções, inveja” – ai está, no começo do verso 21 – “bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.”
Assim, pois, aqui fica a advertência. É um assunto muito sério. Tudo o que estou pregando nestes sermões de outono, é assunto sério. Em outras palavras, se você permitir que este estado de incredulidade – de inveja - reine em sua vida, isto lhe poderá levar a naufragar na fé e, no final, comprometer-se seriamente.
Lute contra a inveja como o Rei Davi o fez
Tudo bem. Temos visto o que é. Temos visto que a Bíblia condena. E temos visto que existem consequências negativas quando você dá rédeas soltas, indefinidamente, à inveja. Agora, vejamos como podemos lutar contra ela. Este é o centro da questão, e o Salmo 37 é o lugar por onde iniciaremos a considerar a resposta.
Este é um grande salmo para compreender como combater a inveja, porque ele começa com o ponto principal: “Não tenhas inveja.” Nos primeiros onze versos, contamos com seis sólidas razões para não sermos invejosos. O que estou tratando de fazer esta noite é dar-lhe um exemplo de como pelejar a batalha da fé em suas devoções.
Quando você desperta pela manhã e nota em seu coração um sentimento de inveja contra alguém no trabalho, ou contra um membro de sua família, ou contra qualquer outra pessoa e você diz, “Isto não deveria estar aí. O que eu posso fazer com isso?”, isto é o que você deve fazer: tome a sua Bíblia, ajoelhe-se em oração e comece a ler e a buscar as promessas bíblicas que possam fazer “explodir” a inveja. Mas, para isto você terá que, primeiramente, definir em sua mente o fato de que a inveja é uma forma de incredulidade.
Assim, pois, vejamos o Salmo 37:
“Não te indignes por causa dos malfeitores,
nem tenhas inveja dos que praticam a iniquidade.”
Ai está. Uma afirmação básica: não inveje os malfeitores nem tampouco fique todo irritado por causa deles.
“Pois dentro em breve definharão como a relva
e murcharão como a erva verde.”
Então eu penso que, em vez disso, o verso três nos diz o que devemos fazer. A saber, devemos fazer o oposto de invejar:
“Confia no Senhor e faz o bem.”
A próxima frase poderia ser um mandamento, assim como também, poderia ser uma promessa. Creio que seja ambos. Diz,
“habita na terra e alimenta-te da verdade.”
Poderia dizer “desfrute de segurança” mas, literalmente, é “alimenta-te da verdade.” De ambas as maneiras, expressa a fidelidade de Deus. Assim que a ideia de segurança é correta e boa. (1)
“Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.”
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais, ele fará.”
Notem-se aqui as coisas positivas que você - no lugar da inveja - está suposto a colocar em suas emoções: “Confia” (verso 3), “Agrada-te” (verso 4), “Entrega o teu caminho” (verso 5), e, outra vez, “confia”, no meio do verso 5. Portanto, a razão por que eu escolhi o Salmo 37 esta noite, é que ele nos ensina que a inveja é incredulidade, ou que tem a sua raiz na incredulidade. E o oposto da inveja é a fé, ou a confiança, ou agradar-se em Deus ou trazer suas cargas ao Senhor.
Dessa maneira, eu espero que, quando nós começamos a invejar – quando começamos a olhar para outra pessoa e principiamos a ressentir o fato de que ela tem algo que nós não temos – e, por este motivo, começamos a perder nossa paz e nosso contentamento em Deus, a solução é a fé. Está bem? Entendido? Este é, até o momento, o nosso ponto de vista.
Seis razões, dadas no Salmo 37, porque crer é melhor
Agora, a outra razão porque esse salmo é tão grandioso, é que ele nos dá tantas razões diferentes por que não deveríamos ser incrédulos. Ensina-nos por que deveríamos estar totalmente descansados e confiados em que Deus é por nós. Diz-nos que Ele está operando de tal maneira que, ainda que nos pareça que as coisas estão indo melhor para outros, elas vão, no final, estar ótimas para nós. Vamos, pois, observá-las. Eu escolhi seis razões, que encontro neste capítulo, para que evitemos cair nas garras da incredulidade da inveja.
1 – Verso 2: “Pois eles dentro em breve definharão como a relva e murcharão como a erva verde.” Se você começa a ter inveja sobre do malfeitor, como o infame que acabou de ganhar um milhão, Deus lhe diz: “Espere um minuto … Você não vai querer estar nos sapatos dele. Ele vai definhar como a relva, “aqueles, porém, que fazem a vontade de Deus, permanecerão para sempre” (1 João 2:17). Este é o primeiro argumento.
O mesmo se repete no verso 9: “Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra.” E no verso 10: “Mais um pouco de tempo, e já não existirá o ímpio.” Assim que, a primeira razão por que você não deve deixar que a inveja o vença quando você a começa a sentir contra um descrente, ou contra alguma pessoa injusta, é este pensamento: “Espere um pouco; Deus já tem dito que aquela pessoa vai desvanecer como uma flor – muito rapidamente. Vai desaparecer e, daí, que será de sua prosperidade?”
2 – Verso 3: “habita na terra (em segurança) e alimenta-te da verdade (ou da fidelidade).” Em outras palavras, essa é a recompensa que advém por confiar no Senhor. Confia no Senhor e faz o bem e você “pastará” na terra verdejante. Seus desejos serão satisfeitos. Essa razão nos leva à próxima.
3 – Verso 4: “Agrada-te do SENHOR”, isto é, confia no Senhor, “e ele satisfará os desejos do teu coração.” E esta é uma surpreendente promessa, porque a inveja, normalmente, nasce por não se possuir os desejos do próprio coração. Você vê alguém que possui aquilo que você deseja, e sente que isto que você deseja está faltando em sua vida. Então a melhor maneira de combater esse sentimento é ir a essa promessa e dizer, “Agora Senhor, Tu tens feito uma aliança comigo no verso quatro. Dissestes que se eu puser o meu deleite em Ti, Tu me darás os desejos do meu coração. Portanto, vou deleitar-me em Ti.”
E este á um passo chave: confiar em Deus suficientemente, de modo que você venha a descansar em quem Ele é. E você sem dúvida poderá vir a experimentar um profundo efeito na qualidade dos desejos que poderão trazer seu próprio contentamento. E todos os desejos que você tenha serão, eventualmente, satisfeitos. Esta é a essência da impressionante promessa em Romanos 8:32 (“Aquele que não poupou o Seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?”), ou em 1 Coríntios 3:21 – 23 (“Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso, e vós de Cristo, e Cristo, de Deus”). A Bíblia faz promessas assombrosas àqueles cujo deleite é em Deus e não em “coisas”.
4 – Versos 5 e 6: “Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais Ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia.” Lembro-me dos dias em que, muitos anos atrás, Steve e Susan Roy estavam morando do outro lado da rua onde residíamos. Steve havia renunciado sua posição na InterVarsity e estava sem nenhuma posição de trabalho. Não sabíamos ainda se ele seria aceito para trabalhar em Bethlehem (2)e, provisoriamente, ele pintava casas nos fins de semanas. Para ele, um verdadeiro teólogo, pintar casas não era exatamente o que queria fazer.
Um dia, de nossa calçada, conversávamos com eles do outro lado da rua. Disse-me Steve: “Na verdade, estamos precisando de algum encorajamento.” Recordo-me de, em pé, lá na calçada, dizer-lhe, “Aqui vai uma promessa para hoje: Isaías 64:4 - “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aqueles que nele esperam.” Diversas vezes, em anos seguintes, eles me disseram que ainda podiam lembrar-se do encontro daquela tarde. “Deus trabalha para aqueles que esperam nele.” E esta palavra “trabalha”, em hebreu, está lá no verso 5 do Salmo 37: “Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como o sol ao meio-dia” – em outras palavras, “Ele trabalhará por você. Ele lhe vindicará.” E vindicar é algo precioso, visto que uma das coisas presentes por detrás da inveja é, frequentemente, o sentimento de que as coisas não estão indo tão bem como achamos que deveriam ir. Estamos recebendo uma má recompensa, enquanto para outros que nem sequer merecem, as coisas vão indo muito melhor. O que queremos é vindicação. E isto é exatamente o que está sendo prometido aqui: a vindicação virá.
5 – Versos 9 e 11: “Porque os malfeitores serão exterminados, mas os que esperam no SENHOR possuirão a terra” e “… os mansos herdarão a terra.” Agora talvez você replique: “Espere um momento; mas eu não sou judeu e não espero herdar a Palestina.” Cuidado! Todas as promessas do Velho Testamento feitas aos judeus, serão cumpridas para você e serão cumpridas da mesma maneira que serão cumpridas para os judeus, senão ainda melhor.
Onde, no Novo Testamento, existe uma promessa praticamente melhor que as mesmas palavras do verso 11? Nas Beatitudes. Lemos, “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” Muito bem. Então eu não ganho a Palestina, mas somente a terra. De fato, em Romanos 4:13, são os que são crentes como Abraão que são chamados herdeiros do mundo. 1 Coríntios, capítulo 6, diz que você julgará os anjos. Aos discípulos, ele disse que eles se sentariam em tronos para julgar as doze tribos de Israel. Nós, os que não somos dos 12 discípulos, ou apóstolos, julgaremos os anjos. A Bíblia está repleta das mais estupendas promessas, capazes de remover os mais fortes ressentimentos que se acendam sob o efeito da inveja.
6 – Verso 11: “Mas os mansos herdarão a terra e se deleitarão na abundância de shalom.” Esta palavra está no inglês, traduzida como “prosperidade”, o que, provavelmente, traz um sentido que não é de muita ajuda em nossos dias. No hebreu, se refere ao total bem-estar, da paz que vem àqueles que confiam.
Assim, temos aqui um pequeno exemplo de como você poderá lutar a batalha da fé logo pela manhã, se a inveja começar a brotar em seu coração. Você toma um texto como este que lhe diz “não seja invejoso” e você responde: “Senhor, se hei de vencer esta inveja, então vou necessitar alguns argumentos poderosos de “por que” devo descansar em ti. Dar-me-ias alguns?” Então leia esse texto, passo a passo, verso por verso e, à medida que você encontra um, você pára e ora, “SENHOR, abre os meus olhos para contemplar a beleza desta promessa e permita-me, por teu Espírito, ter a capacidade de saboreá-la, descansar nela, crê-la, caminhar por ela, viver nela e praticá-la, hoje.” E você segue para o próximo verso e, outra vez, trabalha mentalmente até que possa perceber Deus o encontrando e levantando de sobre você essa coisa feia a que chamamos inveja.
Munição adicional contra a incredulidade
Vamos ver alguns outros textos que você poderia usar em sua guerra contra a inveja.
Provérbios 23:17 – “Não tenha o teu coração inveja dos pecadores; antes, no temor do SENHOR perseverarás todo dia.” E aqui vem essa grande promessa: “Porque deveras haverá bom futuro; não será frustrada a tua esperança.” Encontramos aqui uma pessoa que contempla um pecador e vê que ele está prosperando. Agora, essa mesma pessoa sente como se a sua esperança não fosse prosperar. Ela gostaria de viver para Jesus mas as coisas não parecem lhe ir tão bem como vão para o pecador. A Bíblia é tão ciente disto que o Salmo 37 foi escrito para tratar do assunto. Também, de igual maneira, o foi o Salmo 73.
Muitas vezes, as histórias ajudam mais que textos. Histórias bíblicas, principalmente, têm uma maneira peculiar de chamar a atenção, onde uma literatura proposicional não consegue. Conto-lhes uma história que, frequentemente uso para vencer minhas tentações com a inveja. É a história do menino com cinco pães e dois peixinhos, especialmente como registrada em João 6.
Em João 6, Jesus tem compaixão da multidão e diz a seus discípulos, “Dêem-lhes de comer.” Eles contestam e dizem: “Envia-os para suas casas. Necessitaríamos 200 denários de pão para alimentar todo este povo e já é tarde.” Jesus responde, “Bem, que temos?” E eles informam: “Um menino aqui tem 5 pães de cevada e 2 peixes. Mas o que é isto para tantos?” Agora veja a si mesmo parado ali, e imagine-se um menininho olhando para cima e dizendo, “Ora, isto é tudo o que eu tenho. Não me façam sentir culpado!” E isto mesmo é o que todos nós somos: somos menininhos com cinco pães de cevada e dois peixes em valor de dons, aparências, dinheiro – ou qualquer outra coisa que lhe dá a tendência de sentir-se inferiorizado. E você olha ao redor e vê aos demais: fortes, bonitos, ricos. Pessoas que têm tudo indo-lhe bem, e tudo o que você tem são cinco pães e dois peixes para um trabalho que necessitaria 200 denários de pão. E Jesus lhe diz: “Entregue-os para mim.” E ele os toma – você aprendeu esta lição na escola dominical, não é verdade? – e Jesus ora, e alimenta cinco mil homens, mais as mulheres e as crianças. Quando eu olho para isto, penso: “Bem, talvez exista alguma esperança para meus cinco pães e meus dois peixes.”
E quantos cestos sobraram? Doze. Porque? Um para cada apóstolo que não cria que aquilo seria suficiente. Exatamente por isso. Para mostrar que quando você entrega aquilo que, no princípio, não cria ser suficiente, você recebe de volta mais do que pensou, ou que jamais sonhou que pudesse ter. Essa é uma história que sempre dará um murro no queixo da inveja.
Se você começa a pensar que seus dons são muito pequenos e que você não está à altura da necessidade do momento, lembre-se: Jesus é aquele que estará à altura para aquela hora. Ele poderá tomar o que é de ínfimo valor e multiplicá-lo. Eu tenho uma pequena placa na porta de minha casa, que me foi dada por Virginia Maderis, em Maryland, há uns 15 anos. A placa diz assim: “O mundo ainda está para ver o que pode ser realizado por um homem inteiramente consagrado ao Senhor. Pelo poder de Deus, eu vou ser este homem.” – D. L. Moody.
“Amar, é parar de fazer comparações”
Uma última ilustração. Abra sua Bíblia comigo em João 21. Você conhece a história, mas eu duvido que você já tenha pensado nela em termos de inveja. Aconteceu comigo, até que eu li a ideia num livro, algum tempo atrás. Assim que isto não é meu original, mas eu gostei muito e quero compartilhar aqui. Essa era a situação: Pedro havia sido restaurado por Jesus em vista de sua negação e depois de haver afirmado três vezes que amava ao Senhor. No verso 18, encontramos: “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, tu te cingias a ti mesmo e andavas por onde querias; quando, porém, fores velho, estenderás as mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres.” Isto foi Jesus falando com Pedro. “Disse isto para significar com que gênero de morte Pedro havia de glorificar a Deus.” Em outras palavras, ele viria a ser um mártir. Depois disso ele lhe disse: “Segue-me.”
Pedro voltou-se e viu que também o seguia o discípulo que Jesus amava, isto é, João, o qual na ceia se reclinara sobre o peito de Jesus e lhe perguntara: “Senhor, quem é o traidor?” E quando Pedro o viu, ele perguntou a Jesus: “E quanto a este?” O que está, realmente, acontecendo aqui? Porque Pedro faz esta pergunta? “Disseste-me que eu vou ser morto. E João? Ele também será morto?” E podemos ver bem na “flor da pele”, a inveja no coração de Pedro: “Se não vai, então, isto não é justo.” E como Jesus trata este assunto?
“Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.” E que estaria dizendo o Senhor? Eu acredito que ele estava dizendo que é um perigo comparar circunstâncias. É, na verdade, muito perigoso comparar dons. Lembro que, na Universidade de Wheaton, no dormitório Martin Noel, meu Administrador Residencial naquele tempo tinha um pedacinho de papel do lado de fora de sua porta que dizia: “Amar, é parar de fazer comparações.” Exatamente! Jesus está dizendo, “Olha, não te envolvas tanto em comparar-te com este outro discípulo - com o que eu tenho ou tenha para ele. Aqui está o que eu tenho para ti: a mim mesmo. Não é isto o suficiente?”
E esta é a solução para a inveja. Da mesma maneira que á a solução para a cobiça, sobre a qual falamos nessa manhã. A solução é Jesus. “Siga-me. Se você me segue; se me tem a mim, porque se preocupa com o que lhe diz respeito a ele?” Assim, esta é a resposta: o que simplesmente necessitamos é mais de Jesus. Nós temos que reconhecer o grande privilégio que é só o de conhecer a Jesus. Ele disse em outro lugar, “Não vos alegreis de que os demônios se vos submetem. Alegrai-vos de que vossos nomes estão escritos no Céu.” Ser um discípulo de Jesus Cristo é um privilégio tão grande que o que virá a ser dos outros discípulos se torna de somenos importância. E assim a inveja voa e desaparece.